A era dos coronéis nos Sertões de Crateús

Nos sertões de Crateús, o poder era tão concentrado quanto o calor do sol. Ali, o título de coronel não era apenas um posto militar, mas um símbolo de liderança, influência e, muitas vezes, respeito. Cada coronel, com seu chapéu de couro e postura firme, era como uma rocha encravada no sertão, comandando o povo e influenciando seu território. Os nomes que repercutem até hoje — Coronel Zezé, Coronel Totô, Coronel Tobias, Coronel Antônio de Melo e tantos outros — representam um período em que o mundo girava em torno das fazendas de gado, das plantações e das decisões tomadas à sombra do alpendre dos seus casarões.

Eram homens que carregavam a responsabilidade de cuidar de terras extensas e de quem nelas vivia. Com seus gestos e comandos, ditavam o ritmo da sociedade crateuense. Nessa época, o coronel era muito mais que um político ou dono de terras; era o mediador entre o povo e o poder distante, entre o sertão e a cidade grande. Quando chegava uma seca severa ou uma eleição acirrada, era ao coronel que o sertanejo recorria. Ele decidia, organizava e, algumas vezes, protegia. O coronel era uma espécie de pilar da sociedade que, afligida pela seca, sucumbia sustentando uma ordem que, embora rígida, oferecia algo em troca.

Mas o tempo, esse escultor invisível, começou a moldar novos caminhos. Com a chegada do voto secreto, das cidades em crescimento e de um mundo mais moderno, a figura do coronel foi se afastando das decisões políticas e ficando apenas nas histórias contadas nos livros, nas placas de ruas e nos nomes de lugares. Eles deixaram não apenas marcas na terra, mas também na memória de Crateús.

Por Wilton Sales 

 

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