O palhaço nos fez chorar: há 12 anos, um dos mais ilustres artistas crateuenses era morto por motivo fútil

Harley sempre quis “Deixar o Sol Brilhar, irradiando a Luz do Céu”. De fato, por toda a vida, o artista transmitiu alegria a Crateús, onde era muito querido. Em 2012, porém, tudo mudaria e a alegria se transformaria em dor.

O crateuense Francisco Harley Araújo Melo nasceu no ano de 1958. Com estilo alternativo, sempre se destacou por sua aura artística. Empreendedor circense, em 1981, no bairro Cidade Nova, montou o Circo Retalho, que logo ganhou notoriedade.

Quem via de fora, ficava encantado com o amor paternal que Harley transmitia aos seus filhos. Alguns deles, até hoje, seguem a carreira do pai e trazem alegria à cidade.

Pretendendo espalhar o riso, Harley instalou o circo em Tauá. Como sempre, nas horas livres, integrava-se à comunidade. No fatídico dia, estava andando com o seu filho pelo local de Lagoa da Pedra, quando foi surpreendido pelos agressores. 

Harley foi açoitado com um chicote e esfaqueado de maneira brutal, não resistindo aos ferimentos. Para não ter o mesmo destino, o filho da vítima ajoelhou-se, implorando aos prantos pela vida.

O homicida, Luiz Luzimar Cavalcante, argumentou que Harley houvera acusado o seu filho de ter furtado um cachorro do circo. Sim! Tão desprezível atitude teve como justificativa um comentário bobo.

Pediu-se a prisão temporária dos acusados do crime, sendo deferida pela justiça aos 07 de dezembro de 2012. Passados alguns meses, a justiça converteu a prisão em preventiva. Mas, sob a alegação de que era injustificado o excesso de prazo para a formação da culpa do acusado, o juiz relaxou a prisão aos 23 de setembro de 2013.

Mais de cinco anos após o crime, Luzimar foi condenado através de decisão do tribunal do júri, em que a juíza do caso ajustou a pena em 12 anos de reclusão a ser cumprida em regime fechado. O homem, contudo, somente foi preso no ano passado, em Goiás.

Tal prisão não trouxe de volta a alegria transmitida por Harley. O palhaço Cara-Melada calou-se, mas sua memória grita a cada dia, até porque ninguém pode atrapalhar a felicidade construída com muito trabalho e suor. A obra dele está e permanecerá de pé dentro da memória e do coração dos crateuenses.

Texto escrito por: Kaio Martins, Cientista Político.

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