Entre 1884 e 1885, o naturalista cearense Antônio Bezerra de Meneses viajou por diversas vilas da província do Ceará, com a intenção de colher informações gerais e fazer estudos naturalísticos acerca da fauna e da flora das regiões. Uma dessas vilas foi a de Príncipe Imperial, hoje Crateús.
A viagem, que se deu a cavalo
e em expedição, foi divulgada através de folhetins no jornal “Constituição”.
Após o feito, o presidente da província, Dr. Caio Prado, disponibilizou meios
para que Antônio Bezerra pudesse juntar tais folhetos e lançá-los em um livro,
que foi intitulado: “Notas de Viagem”, em 1889.
Sobre sua passagem pela Vila
de Príncipe Imperial, Antônio Bezerra descreve informações gerais do que viu e
ouviu, tendo obtido a informação da quantidade populacional através do vigário
da época, Pe. Antônio Cavalcante Macedo e Albuquerque, o conhecido Pe. Macedo. A vila contava com 900 habitantes, tendo a
freguesia, ao todo, 4.300 pessoas.
Das informações gerais, a que
mais se destaca é a afirmação do pesquisador de ter ganhado um presente, no
mínimo inusitado, de Pe. Macedo: “uma preciosidade encontrada na profunda escavação
que fez o rio Poti na grande enchente de 1879” (1965, p.233). O autor se refere
a uma parte do fêmur de um mamífero extinto, cogitando, ainda, ser tal artefato
pertencente a um megatério ou a um mastodonte, seres que habitavam a terra há
milhares de anos.
No final do relato, o viajante
ainda diz que tal osso fora encontrado nas margens do Rio Poty, que em
determinada ocasião desnudou toda a ossada do animal. Era tão gigante o animal
que as vértebras eram usadas como cadeiras e as omoplatas como tábuas para as
mulheres baterem roupas.
Apesar de ter o naturalista
tentado conseguir outras partes do animal, não obteve êxito, garantindo a nós somente
o seu delicioso relato.
BEZERRA, Antônio. NOTAS DE
VIAGEM. 2ª Ed. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1965.
Texto escrito por: Kaio
Martins, Cientista Político.