As festas juninas possuem como etimologia o saber popular nordestino. O ritmo; a dança e as encenações, tudo lembra as antigas práticas culturais do povo. Contudo, com o avanço da globalização e da tecnologia, muitos grupos passaram a sentir dificuldades em suas manutenções. É o caso que contaremos agora.
Fundado no Bairro dos Venâncios aos 11 de março de 2011, o grupo Paixão Junina tem um trabalho que leva todos os meses do ano. Enganam-se os que pensam que os esforços acontecem somente nas semanas que antecedem as apresentações, isto é, em Junho. O trabalho já começa com o fim daquele mês. São muitas as tarefas e planejamentos. As discussões perpassam desde o tema do ano seguinte, até a viabilidade dos artefatos e roupas a serem usados. É a dedicação de uma vida.
Dedé - fundador e atual presidente do grupo - juntamente com os demais componentes dedicam, no mínimo, quatro dos sete dias da semana para a causa junina. E esse esforço não é só corporal, mas, sobretudo, mental.
Se findássemos o texto aqui, teríamos uma linda história de trabalho e determinação. Contudo, nem todos os finais são felizes.
Apesar do amor e do comprometimento com a causa, o grupo tem passado por inúmeras dificuldades. Não só a invasão de culturas alienígenas trazida pelos meios tecnológicos, mas a sustentabilidade para com os próprios custos têm sido motivos de grande preocupação para a equipe.
Não fosse suas idas a semáforos pedir dinheiro; a realização de rifas e esporádicas contribuições da prefeitura, o grupo já teria encerrado suas atividades. No entanto, a causa e o amor são maiores.
Próximo das festas juninas, a turma ainda mantém a esperança de que novos apoios e auxílios chegarão.
Diante de cenários culturais cada vez mais homogêneos, as raízes do nosso povo têm sido descartadas. Porém, grupos como o Paixão Junina permanecem de pé, com afinco para que a “Ideia Matuta” da quadrilha esteja sempre presente no nosso cotidiano.
Texto escrito por: Kaio Martins Gomes, Bacharel em Ciência Política.