16 anos depois, caso Luís Palhano Loiola ainda não foi julgado

 

O caso que apresentaremos agora mostra uma das tristes páginas dos 192 anos de Crateús.

O professor crateuense Luís Palhano era conhecido por ser alegre e dedicado. Mestre e Doutor em Educação pela UFC, o pesquisador encabeçava diversos movimentos que tinham como pautas o problema da educação brasileira e a abordagem da diversidade.

Consultor do Grupo de Resistência Asa Branca e presidente do Grupo Karatiú, Luís conseguiu vários amigos por onde passou. Considerado uma pessoa propensa à filantropia, o jovem professor teve a sua vida interrompida de maneira cruel, na madrugada de 1º de maio de 2008.

Luís houvera marcado um encontro com amigos para a manhã do dia 1º. Na hora, contudo, não apareceu. Ao irem a sua casa, no bairro planalto, amigos se depararam com o corpo do professor caído ao chão, ensanguentado e com diversas perfurações de objeto perfurocortante. 22 facadas foram as que vitimaram Luís. Uma delas, mortal, na região da jugular.

A falta de evidências de que houvera ocorrido luta corporal ou arrombamento na casa levou a polícia a traçar uma linha investigativa que apontava para a possibilidade de ser o autor do crime alguém próximo da vítima. As linhas apontavam para possível crime de homofobia. Contudo, o Ministério Público se posicionou a partir do inquérito policial com a convicção de que o autor do homicídio era o irmão da vítima.

José Palhano de Loiola ficou preso por vários meses e virou réu no processo. A motivação apontada foi a de vingança, por ter Luís impedido um empréstimo bancário que colocava sob hipoteca o único imóvel de família.

Meses depois, a Defensoria Pública pediu o relaxamento de prisão do réu, o que foi negado num primeiro momento, mas deferido em outro.

Após 16 anos, o caso continua sem julgamento, mostrando que a morosidade da justiça institucional trai até aqueles que lutam por justiça social.

OBS.: A lei 14.820, chamada de Lei da Semana Luís Palhano de Loiola, estabelece a Semana da Diversidade Sexual do Estado do Ceará.

Texto escrito por: Kaio Martins, Cientista Político.

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